quarta-feira, 26 de agosto de 2009

as horas de sono

- para quieto, pelo amor de deus!
- ahn?
- não aguento mais você gravitando na minha frente.
- não aguenta o que?
- você tem quantas metades, querido?
- tô descobrindo ainda, mas você é uma delas.
- hahahaha! você sempre escapa das perguntas com sua metade mais canalha.
- pra mim metades são só duas, mas outro dia eu deixo você explicar sua teoria, tô morrendo de sono.
- boa noite!
- boa noite, meu amor, dorme bem.



café na cama

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

plasticidade

ela sabe me trazer pro mundo. me enfartar e me tornar à vida. ela é especial e quando venta sinto seu cheiro. meu pau endurece ao pensar no que somos capazes de fazer sem o plástico. látex que me permite entrar e sair sem que haja o toque e que nunca bastou pra nós.

somos tato. mucosa na mucosa. é pau dentro e ela nem ousa pedir para que eu tire.

ela é vida. uma parede em branco a qual preciso decorar. meus melhores enfeites, minhas melhores palavras, meu sono mais pesado são para preenchê-la. para devolver as cores e texturas que ela me proporciona. ela é sexo limpo, é amor que rasga sem partir. somos um corpo bruto, indivisível e irretocável.

somos o corte seco. sem enfeites, nem palavras, nem látex.

domingo, 9 de agosto de 2009

tem vezes que a vida lança na nossa frente umas supresas provocantes. é sistemático. tudo caminha bem, sem mais - nem más -novidades, até que tudo parece acontecer de uma vez só. as certezas chocam-se com as vontades e os caminhos ficam embassados. nada, porém, que nos impeça de seguir.

os olhos da moça encharcados de preocupação e lágrimas me levam de volta àquele lugar. ao silêncio que busca palavras para se quebrar, mas não acha. ao abraço que tenta confortar, mas é inútil. à impotência que já é comum naquele que impressiona e nada mais.

as mãos se encontram quase que automaticamente. é o tal silêncio no entrelace, o abraço dos dedos e a impotência dos pulsos. pode ser que não conforte, mas é tudo que se pode além de impressionar.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

as cicatrizes

isso aqui é sobre o tempo que se perde olhando para as cicatrizes... elas são as marcas da dor, do que um dia foi sofrimento. cicatrizes são felizes. representam que o que sangrava parou, que nenhuma lágrima mais conhecerá o mundo por aquela dor.

se, por agora, é melhor não recordá-las, tudo bem. mas não vai adiantar, elas sempre estão por todos os lugares. são as provas da nossa sobrevivência, dos rasgos na vida. servem para que lembremos que marcas são apenas marcas. que a dor vai embora, enquanto a gente procura outra para deixar doer.

minhas noites têm sido pesadas. olho pro meu corpo e sinto que ainda falta um pouco para que tudo volte a ficar bem. mas não por causa das cicatrizes. minhas feridas são internas, meu amor. enquanto você se preocupa ao olhar a cicatriz e sentir a dor de volta, a minha dor dói, sem sangue, sem lágrima e sem cicatriz aparente.