quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

#3

Ele, que nunca havia traído, teve certeza de que era hora. Depois recuou. A moça de interior sabia que ele era comprometido e ele queria o respeito dela. Passaram-se alguns dias, foi para casa, e divorciou-se. O escritor, dono da razão do amor, responsável pelas palavras que tinham poder, fiel à sua doutrina de apenas conquistar mulheres, apaixonou-se. O homem desconstruiu sua vida, transgrediu as regras, mergulhou na vontade.

Por meses ele conseguiu viver o sonho, trouxe a moça à capital, levou-a ao teatro, ensinou-lhe cinema, música, até literatura. Discutiu os próprios textos, recitou poemas, e ela decorava cada palavra que saía de sua boca. Ela amava cada vírgula que ele proferia, morava em suas palavras e chorava com os diálogos que construíam.

O homem, que não era besta, enxergava seu poder. Na verdade, esse cara sabia exatamente o que as mulheres queriam ouvir. Cada uma delas.