domingo, 23 de maio de 2010

definindo

é a ordem natural dos desejos. eles vêm, são saciados, e deixam de sê-los. desejar é como ter não tendo, como apropriar-se do destino para sorrir com ele. mas na vida só o que existe é passado, só passa a existir quando morre, e desejos seguem a mesma lógica. são como aquela obra do artista morto, que ganhou valor quando não poderia mais ser produzida.

eu prefiro continuar vivendo vivo. desejando para sentir-me a mim mesmo. produzindo diálogos, textos, contos, ódio, amor, dores, ânimos, sobras, gestos, sabores, texturas, cores. o sonho é sempre mais bonito quando se está dormindo, é bem sabido, mas acordar e vivê-lo diariamente torna-se completamente gratificante quando busco a "vida longo prazo bonita zona sul".

entender meus desejos não me amputa a liberdade de sonhar. mas sou como aquela criança que recebe o presente sonhado e, em duas semanas, esquece de sua existência.

toda ideia inexiste no mundo real. ideias são ideias porque são apenas. desejos são desejos pelo mesmo motivo. inquantificáveis como a saudade que neste minuto sinto da moça que está em Barra Mansa, que vai passar amanhã, quando ela voltar de novo.