terça-feira, 19 de janeiro de 2010

ao lado

eu te olho assim, de longe ou de perto, com as maçãs do rosto inchadas, vermelhas, de choro ou de riso. com essa pele infantilmente macia, que não carece de carinho. com esses olhos que piscam em câmara lenta, e refletem o mundo mais colorido. com essas mãos pequenas, quase sem unhas, que nunca pensaram arranhar ninguém.

eu vejo você, assim, a esperar por algo que lhe manche. por palavras boas ou más, ditas de forma precisa ou imprecisa. esperando pela resposta da pergunta que você nunca me fez. pelos conselhos de caminhos a seguir. pelos mapas, trilhos, e atalhos.

eu te vejo ver. te vejo ver o mundo através das tuas retinas de filtro, que tanto sonho em transplantar para mim. eu te enxergo, bela, a se perder no campo da vida. e a se encontrar repentinamente, quando chocada com ela à sua frente.

eu acompanho, próximo, o seu caminhar. o seu recolher de flores e o seu quebrar de espinhos. sinto contigo o cheiro das flores que você escolheu cheirar, a dor nos pés pelo calçado que você decidiu calçar, e as alegrias que você elegeu para lhe fazerem sorrir.

ainda assim, eu permaneço invisível para não te atrapalhar. receoso por querer, às vezes, modificar teu rumo tão singelo. eu jamais poderia intervir. não eu, que te persigo para aprender contigo cada detalhe de como é viver.

livre.