terça-feira, 26 de janeiro de 2010

a dois

não havia um sorriso que ele não tivesse tentado, nenhuma palavra que ele não tivesse dito. ele tentou músicas, fotografias, fotografias que movimentam-se, tintas na parede, gritos, dizia que amava, mandava tomar no cu. ela se aproximava, parecia arriscar, mas recuava novamente. ela se perdia na quantidade de ações e posições que ele assumia, mas quando choravam juntos era catarse. quando trepavam também. só que havia vezes em que um trepava sozinho, enquanto o outro chorava. depois invertiam.

quando ela se acostumava com o sorriso de lado, ele mudava, prevendo errado. quando mudava o tom, ela já conseguia ouví-lo, e ensurdecia. quando passara a apreciar as paredes, chegava à casa e elas haviam mudado de cor.

e eles viveram assim por muito tempo. até o dia em que morreram.

tentando chorar e trepar em uníssono.