terça-feira, 29 de setembro de 2009

ele não tem orgulho. desistiu dessa babaquice que lhe foi imposta por todo o resto. ele se ajoelha. chora. ele aceita as mais humilhantes situações. e sorri. ele sorri por não ter orgulho. ele constrói castelos, compra casas, carros, vinhos, a vida, ele faz poemas, músicas, cinema, ele vive por todas elas.

decidiu que não tinha mais orgulho. que viveria sem jogar, entregando-se a cada dia a um novo amor, inteiro. ele faria jantares maravilhosos, em espaços pouco comuns, à luz de velas. ele faria tudo que estava ao seu alcance, seria pisado, daria a cara a tapa! daria sim. ele não tinha vergonha mais por si. chorava na frente delas, abaixava a cabeça, dizia que amava com dez minutos de conversa. espantava quem se aproximava porque resolvera ser assim. completo.

- caralho, cara, você não tem orgulho não?

- meu amor, vivi mais de vinte anos e não tenho do que me orgulhar. me deixa, orgulho é o único sentimento que eu não mereço ter. nos outros eu ainda acredito, mas por enquanto, orgulho não.