segunda-feira, 30 de novembro de 2009

30.11

nasceu sem pedir licença, sem que a bolsa estourasse, sem contrações nem avisos prévios. nasceu sem gestação, sem desejos, sem enjoos, sem coito, sem nada. nasceu sem rosto, sem pernas, sem olhos, sem boca, sem sentidos. nasceu em mim assim, desprezando choro, sangue e parto, veio do tudo, do lógico, da consequência. veio até mim de repente, de surpresa.

a morte nasceu pra mim em mim. a morte de uma das partes mais bonitas que eu construí. ela veio em forma de texto, de letras construídas para me destruir, de palavras sequenciadas visando ao meu desespero. mas eu já morri, não desespero mais, não sangro mais, não vivo. esse é o maior defeito da morte, ela nasce quando a vida acaba, não enxerga seu estrago, não ri da sua tragédia. a morte morre com o morto, no caso, morreu comigo.

mas a vida vive, e aproveita enquanto ela vive, porque um dia a morte nasce como em mim nasceu. e apaga tudo.

que vivemos juntos.