terça-feira, 24 de novembro de 2009

é que pra escrever preciso passar mal. preciso sofrer das piores doenças, estar de mal com o mundo e querer gritar. eu não grito, eu rabisco. eu não choro lágrimas, mas palavras sujas, borradas de maquiagem preta. e elas descem pelo papel feito aqueles brinquedos que reaproveitam a água. eu choro as mesmas palavras faz tempo e me sinto repetitivo na invariabilidade da minha dor. queria fazer as pazes com as minhas lembranças, sair daqui e ir visitá-las, mas sou pequeno demais para tanto. prefiro ficar. com os papéis, lágrimas e teclas. escondendo-me na maquiagem decadente.

me falta coragem pra ouvir as músicas que eu ouvia, assistir aos filmes que assistia, andar pelas ruas onde andava, com as roupas que eu vestia. quando eu ainda era pobre o suficiente para saber ser feliz. ou quando eu ainda era bom a ponto de fazer alguém feliz. me falta coragem para lembrar de tudo, dos cheiros, dos gritos que ainda podia gritar, das lágrimas que ainda podia chorar, dos sonhos que podia sonhar.

e me falta vontade.

de esquecer.